Paciência, Disciplina e Perseverança

Criamos essa estampa para você, que tem um sonho. E não descansa e nem mede esforços para realizá-lo

磨練 (Pīnyīn: Mó liàn)
Em tradução livre: “Auto-disciplina / Aprimorar habilidades / Treinar com persistência.”

學勤勞需要三年, 學懶惰只要三天
(Pīnyīn: Xué qínláo xūyào sān nián, Xué lǎnduò zhǐyào sān tiān)
Em tradução livre: “Aprender a ser diligente requer três anos; aprender a ser preguiçoso, bastam três dias.”

O que caligrafia chinesa, artes marciais e piano clássico têm em comum?

São atividades artísticas em que, para se atingir um MÍNIMO de proficiência, é preciso uma ENORME carga de 磨練 (Mó liàn). Grossíssimo modo, esse termo pode ser descrito como “uma combinação de paciência, disciplina e persistência”.

É sabido que crianças orientais são apresentadas a uma ou mais dessas artes desde cedo. E é aí que mora uma “aparente” contradição.

Quem conhece um pouquinho da cultura oriental (sobretudo a chinesa) sabe: são raríssimos os pais asiáticos que encorajam seus filhos a seguir uma carreira nas artes. Afinal, a verdade é que, por mais estereotípico que possa parecer, profissões como Medicina, Engenharia e Direito sempre figuraram (e continuam figurando) entre as mais valorizadas nas famílias asiáticas. Bom, se a possibilidade de uma carreira artística geralmente está fora de questão, então por que pais orientais exigem que seus filhos se dediquem com TANTO afinco a essas artes? 

Porque elas ensinam o valor da diligência.

Passar intermináveis horas lendo partituras ao piano. Sofrer com incontáveis lesões e quedas no tatame. Repetir inúmeras vezes o mesmíssimo ideograma. Sério... dá preguiça só de pensar! Ninguém merece! ;o) Somos os primeiros a admitir: dá uma mega preguiça! Mas é exatamente NESTE momento que temos de ser diligentes. Porque é neste momento que duas opções se apresentam para nós: ou permanecemos inertes, ou escolhemos progredir.

Esta estampa é para todos aqueles que escolhem a segunda opção: aquela que lapida nossos talentos.
Eleva nossos dons.
E fortalece nosso caráter.

Palavras de Sabedoria

Como vimos na semana passada, no post que publicamos sobre o design de C.P Wang para o icônico arranha-céu Taipei 101, conceitos criam valor dando significado para as coisas.

Nossa segunda coleção de camisetas – que explora o conceito de Palavras de Sabedoria – foi inspirada nos provérbios chineses, também conhecidos como 成語 (Pīnyīn: chéngyǔ). No entanto, se você não é chinês e/ou não cresceu em um lar asiático, arrisco dizer que essas estampas não significarão muito para você.

Por isso, nos próximos seis posts, vamos detalhar cada uma dessas estampas para vocês. Falaremos sobre o significado de cada provérbio e vamos explicar, em detalhes, por que escolhemos combinar cada um desses provérbios com uma ilustração específica.

Esperamos que, ao fim desses posts, essa coleção tenha um significado completamente diferente para você: um que sua natureza humana e/ou seu contexto cultural reconheçam.

Se isso acontecer, então, saberemos que tivemos sucesso. Que nosso conceito funcionou. E você terá compreendido que este conceito não foi criado para ajudar a gente a estar na moda, mas sim, para nos ajudar a lançar uma moda muito específica: a de escolher viver a vida com simplicidade. ;o)

Um breve comentário: essa coleção foi criada para homenagear minha mãe, que é – de longe – a pessoa mais sábia que eu conheço. Graças às suas palavras de sabedoria (algumas das quais compõem essa coleção), minhas irmãs e eu tivemos a oportunidade de aprender sobre o valor da perseverança, a necessidade de ser corajoso, a importância de se deixar fluir e o poder que existe em um coração amável e generoso.

Obrigado mãe. Você é demais.

Nas Alturas

Eu sou o primeiro a admitir: eu sei muito pouco sobre..., bem, quase tudo. 

Mas como filho de imigrantes taiwaneses, por pura experiência, eu sei disso: poucas culturas são tão obcecadas por simbolismo quanto a chinesa. O que eu quero dizer é que, para nós, tudo tem uma razão.

E quando eu digo tudo, é T-U-D-O mesmo. ;o)

Só para descontrair, que tal vermos alguns exemplos?

  1. Existe uma razão pela qual a China e a Ásia passam por um baby boom todo “ano do dragão”: é porque dragões representam virtude, honra e nobreza; qualidades que pais asiáticos esperam e almejam que seus filhos possuam.

  2. Eis a razão pela qual noivas chinesas até se casam de branco durante a cerimônia, mas depois trocam o vestido de noiva por um 旗袍 (Qí Páo) vermelho: é porque vermelho simboliza sorte, felicidade e alegria.

  3. Finalmente, essa é a razão por que os Jogos Olímpicos de Beijing começaram exatamente às 08:00 pm do dia 08/08/2008: é porque oito (Bā em chinês) tem a pronúncia similar à 发 (Fā), que significa riqueza e fortuna.

Viu? De animais a cores e até números: tudo tem um porquê na cultura chinesa.
Com conceitos é a mesma coisa: quando nós os criamos, SEMPRE EXISTE UM PORQUÊ.

E poucos conseguiram combinar simbolismo chinês e conceitos de maneira tão requintada quanto o arquiteto taiwanês 王重平 (Wang Chung-ping, também conhecido por C.P. Wang), que encontrou inspiração na cultura chinesa para conceituar uma das mais impressionantes maravilhas arquitetônicas do mundo: o Taipei 101.

 
 

Taipei 101, um dos maiores arranha-céus do mundo, foi concebido para ser o primeiro prédio do mundo a bater a marca dos 500 m de altura.

E o mais importante: ele tinha que resistir aos impiedosos furacões e poderosos terremotos que costumam castigar a ilha de Taiwan. Para encarar esse desafio, Wang foi buscar ajuda com a Mãe Natureza. E a resposta dela veio na forma de uma planta endêmica à China: o bambu.

O bambu é conhecido por alcançar grandes alturas (algumas espécies chegam a 30 metros!), graças a uma combinação super complexa de força e flexibilidade. Ele cresce em seções articuladas ocas, como uma série de tubos de extremidade sólida, e essas seções são separadas por divisórias que ajudam a reforçar a haste1.

É aqui que o conceito de Wang mostra sua relevância estrutural: inspirado por essa engenhosa solução, Wang projetou treliças de aço para conectar as colunas a cada oito andares do edifício1. Com isso, o resultado é que o Taipei 101 não apenas se assemelha a um gigantesco caule de bambu; ele também comporta-se como tal, envergando um pouquinho aqui e ali, sem nunca, jamais quebrar.

 
 

Existe ainda outra razão pela qual Wang escolheu desenhar o Taipei 101 no formato de um bambu. Conforme ele contou em uma entrevista de 2013: “é uma planta importante na nossa cultura. Ela representa uma pessoa nobre e gentil”. Em outras palavras, o conceito de Wang também possui enorme relevância cultural.

Cada centímetro da sua estrutura de 508 metros foi concebido para representar um aspecto da cultura chinesa.

O prédio é dividido em oito seções, cada um contendo oito andares (sim, o bom e velho numero oito). Essas seções se assemelham a lingotes chineses (símbolo de abundância). O nome 101 representa a idéia de renovação (o número “completo” 100 + 1). A torre foi projetada para parecer uma Pagoda (representando a conexão entre o Céu e a Terra). E dragões protegem os quatro cantos do edifício (É CLARO que haveria dragões, o que você estava pensando!?... ;o))

 
É recompensador CONCEITUAR um design que satisfaça não apenas o cliente, mas que também represente a cultura e atenda às necessidade dos ocupantes do edifício
— C.P. Wang - Washington University in St. Louis Magazine
 

Ele está certo. É recompensador. Super recompensador.

Afinal, a razão pela qual criamos conceitos geralmente cumpre duas funções:

1)     Criar valor, dando significado às coisas: um que nossa natureza humana e/ou nosso contexto cultural reconheçam.
2)     Ajudar as coisas a funcionarem melhor do que antes. E, às vezes, de formas que sequer foram contempladas anteriormente.

Como eu disse no começo desse post, eu não sei de muita coisa.
Mas de uma coisa eu sei: o design de Wang – como todo grande conceito – cumpriu ambas com honras.  

Disso, eu tenho 101 % de certeza. ;o))